domingo, 23 de março de 2008

In Death's Dream Kingdom


O trabalho estético de Iván Marino In Death's Dream Kingdom é um jogo narrativo, interactivo e online.
Marino captou imagens e sons de doentes psíquicos e deficientes motores em instalações de acolhimento e fragmentou-as. As imagens que executam um jogo visual com o utilizador durante a sua selecção são recontruídas pelo utilizador, por exemplo a sequência de objectos pessoais retirados de uma mala por uma mulher psicótica enquanto entoa uma ladaínha nostálgica ou a selecção de fonemas e expressões escritas de um discurso delirante de um velho. A ideia de usar pessoas com deficiências e doenças mentais surge como uma forma de revelar um mundo em que o sentido da percepção está alterado. A combinação dos silêncios com sons minimais (mecânicos e de doentes psíquicos) concede à obra de Marino um ambiente tétrico que inflama a curiosidade mórbida do utilizador.

sexta-feira, 21 de março de 2008

San Base - Pintura Dinâmica


San Base, nascido em 1956 na ex-União Soviética, desde cedo desenvolve um interesse pela matemática e tecnologia informática.
Ele chama à sua arte Pintura Dinâmica. O artista , após criar o seu conceito visual no computador e os princípios básicos do seu desenvolvimento, deixa a máquina ir transformando o quadro ao longo do tempo, nunca repetindo a mesma imagem. O computador partilha com o artista o papel criativo. Assitimos a um tipo de Arte Generativa, onde o quadro vive a sua própria vida. Os quadros de Base atingem no mundo virtual uma realidade nunca conseguida pelo quadro tradicional - a transformação física. A interpretação do objecto artístico ganha assim novos contornos e apela a uma redefinição teórica sobre a matéria.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Osmose


Para conhecer um dos trabalhos pioneiros da ciberarte imersiva. Osmose, criação da canadiana Char Davies, é uma instalação de realidade virtual imersiva, um espaço para explorar a relação perceptiva entre o eu e o mundo, um lugar que desperta a percepção para si próprio como uma consciência envolta num mundo aparentemente natural.

O imergido, apetrechado com um visor 3D e um corpete munido de sensores de respiração e equilíbrio, começa por flutuar sobre uma grelha onde se familiariza com o meio de deslocação no espaço. Pouco depois entra numa floresta e mais à frente um terreno árido dominada por um carvalho junto a um charco. Há luzes que brilham fugidias como pirilampos e que se apagam lentamente, ouvem-se vozes semelhantes a fadas. Este grande carvalho lembra-nos Yggdrasil num pântano primevo, do suco da vida. Ao inspirar rapidamente, o imergido consegue saltar para os ramos mais altos da árvore e ainda para o céu, onde encontra frases de Rilke, Marleau-Ponty e Bachelard que inspiraram Davies na execução do projecto. Expirando fortemente submergimos no pântano, pela terras, rochas e entramos numa caverna onde correm grandes colunas luminescentes, 20 000 feixes de luz - linhas de código que são o mesmo número que o programador deste mundo subterrâneo, John Harrison, utilizou para o construir. Aqui a sub-estrutra mecânica que suporta o simulacro fica exposta.

Davies vê na ciberarte as próprias doenças da sociedade ocidental, a cultura da valorização da mente em detrimento do corpo, do civilizacional sobre a natureza. Davies utiliza o ciberespaço para redespertar o homem para a natureza, para as suas raízes, activando toda a percepção sensorial do nosso cérebro. Tal como escreve no texto Rethinking VR o desafio é "repensar a tecnologia não como um meio de escape mas de regresso."